Dólar deve seguir em alta: previsão aponta para R$ 3
Alessandra Nascimento *
A
moeda norte-americana deve seguir em alta, e as expectativas apontam que ela
deve chegar a R$ 3,00. A situação continua atingindo em cheio o parque
produtivo nacional, que se encontra com sérios problemas no tocante ao processo
de desindustrialização, fruto da concorrência internacional. A lista de
adversidades não se encerra por aí: inflação superando os 6%, baixo crescimento
econômico, urgência de uma reforma tributária, além dos problemas oriundos da
“commoditização” da economia nacional, ou seja, grande parte do que é exportado
pelo país são produtos primários, mais suscetíveis à desvalorização vão
contribuir ainda mais no cenário turbulento que se configura para esse ano. A
coluna Logística Portuária dessa semana vai tratar dos impactos das
oscilações do dólar na economia.
A valorização do dólar ainda se dá
fruto de uma política assertiva do governo Obama, que fez com que os EUA
conseguissem alcançar melhores resultados e dar mostras de superação da crise
econômica. Por outro lado, a moeda brasileira é considerada por especialistas
econômicos como uma das mais frágeis em comparação aos demais países do BRICS,
e as incertezas no campo econômico acabam influenciando. Acrescente-se ainda os
problemas com a zona do Euro, o que trouxe depreciação da moeda europeia frente
à norte-americana.
Também prometem influir
negativamente os aumentos da energia e impostos, afetando ainda mais a
competitividade da produção brasileira no exterior. Esse mix de dissabores pelos quais impactam diretamente na economia
brasileira espelham o atual momento de fragilidade do Real, o que vai gerar
baixa atratividade estrangeira e aumentará a saída de capitais. Dados do Banco
Central, BC, apontam que o ano passado teve fluxo cambial negativo em US$ 9,28
bilhões. O segmento comercial, entretanto, que está relacionado às operações de
câmbio ligadas às exportações e importações, registrou saldo positivo de US$
4,137 bilhões.
Em 2014, as saídas líquidas, segundo
informações do Banco, foram de US$ 13,424 bilhões, ao passo que, os ingressos
US$ 4,137 bilhões do segmento comercial. Esses dados do ano passado superaram
2013, considerado ano em que teve registro histórico de evasão financeira, em
que havia registrado US$ 8,78 bilhões de saídas no ultimo mês de um ano. Vale
ressaltar que, em virtude de balanços, envios de lucros e dividendos de
multinacionais para as matrizes estrangeiras, no mês de dezembro é considerado
comum ampliar o número de remessas para o exterior.
Voltando ao comércio exterior, o
atual cenário pode ser positivo para alguns setores exportadores como calçados,
automóveis, alimentos e bebidas, frutas, porém as viagens para o exterior vão
custar mais caro já que as passagens aéreas vão subir e o aumento da inflação,
que hoje está superando os 6% ao ano, impactarão no bolso de quem pretende
viajar. O setor de eletroeletrônicos também vai ser impactado em razão da
importação dos insumos, cotados em dólar, ficarem mais caros.
Segundo a especialista em finanças
Viviane Valente, o momento é de cautela em virtude dos ajustes que a equipe
econômica deve fazer ao longo do ano. “O crescimento da economia brasileira
será baixo, e o que se espera do governo é a adoção de medidas de contenção das
elevadas taxas de juros, reforma tributaria e investimento em infraestrutura,
para assim aumentar a competitividade do país e fazer com que o Brasil exporte
mais e importe menos, gerando renda de forma sustentável. Porém recomendo
redobrar a atenção na hora de fechar contratos para não haver perdas com as
oscilações da moeda”, diz.
(*) O texto acima foi publicado originalmente no site Gente & Mercado.
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