América Latina: propostas de crescimento

Por Alessandra Nascimento (*)

A economia global está baseada em um mundo no qual a ausência de fronteiras deixou de ser um sonho ou uma opção para se converter em realidade. Pensar estrategicamente alternativas de crescimento para a América Latina inicia numa autoanalise dos erros históricos e opções não assertivas. No mundo pós OMC – com seus acordos e comprometimentos a que estão sujeitos os países membros – essa reflexão é essencial para o futuro. Os impostos praticados pelos países latino-americanos a nível regional quando comparado aos da União Europeia, por exemplo, nos mostram assimetrias que ajudam a propagar e aumentar ainda mais as assimetrias da região. Um plano que incorpore governos, sindicatos de trabalhadores e entidades empresariais a exemplo do pacto social Irlandês deve ser melhor avaliado entre as partes buscando sempre garantir um desenvolvimento mais socialmente igualitário. Na coluna Logística Portuária dessa semana vamos analisar uma visão estratégica para o desenvolvimento da América Latina.
Uma estratégia minimizando a proteção industrial, promovendo investimentos no setor industrial a partir do tripé tecnologia, educação e capacitação de mão-de-obra, deve ser o carro chefe das ações políticas. Atrelado a isso a tolerância zero com a corrupção e adoção de medidas anticíclicas para serem utilizadas em momentos de crise a cada dia se mostram essenciais. Mudanças no cambio para minimizar os impactos causados pelo aumento expressivo das exportações de commodities, o que em muitos países da região infelizmente tem se traduzido em sintomas da doença holandesa, gera o amargo sabor do processo gradual de desindustrialização. Os investimentos em tecnologia industrial seriam a solução para esse problema contemplando o segmento produtivo com maior competitividade, sobretudo nos bens manufaturados.
Entre os deveres de casa é salutar a redução da máquina e dos gastos públicos, promoção de infraestrutura e logística, redução da taxa de juros oferecendo mais crédito ao setor produtivo, manutenção da meta da inflação. E aproveitando a matriz agroindustrial, realizar maiores investimentos nessa cadeia, dotando o setor agroalimentar de maior competitividade.
Também é interessante para a região apostar no desenvolvimento das pequenas e micro empresas, com vistas à promoção da indústria criativa, tendo ênfase na criação de cadeias globais de valor. Para nós da América do Sul, é preciso repensar o Mercosul de modo a promover maior desburocratização de aduanas, com funcionamento em horários compatíveis entre os países membros, evitando os já conhecidos desgastes com os tempos de espera de funcionamento dos órgãos na região, o que impacta em demoras no acesso aos destinos e perdas financeiras.
A retomada de negociações entre Mercosul e União Europeia e ainda com os Estados Unidos para ampliar o raio de atuação dos países do bloco, a exemplo do que ocorreu com os membros da Aliança do Pacifico que hoje possuem Tratados de Livre Comércio com diversos países. A facilitação do trafego de pessoas, serviços e mercadorias é primordial e a sua não realização tem como ônus maior atraso à região.

(*) Artigo originalmente publicado no site Gente & Mercado

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