Austrália: uma visão estratégica de mercado


Por Alessandra Nascimento
A adoção de políticas públicas e uma estratégia voltada ao fortalecimento de micro e pequenas empresas com vistas à promoção de exportações – tendo a alta tecnologia sobretudo no setor primário e a parte de serviços como foco principal – se mostram cada dia mais estratégicos. Voltando as atenções à essa discussão, a coluna Logística Portuária dessa semana vai focar na Austrália e na estratégia de desenvolvimento adotada pelo país.
Segundo a publicação do Banco Mundial, “Connecting to Compete – Trade Logistics in the Global Economy – The Logistics Performance Index and Its Indicators”, de 2014, a Austrália ocupa a 16a posição, o que a coloca num patamar atraente em relação a logística que possui. O mesmo estudo coloca o Brasil na posição de número 65. Segundo a publicação “Doing Business”, também do Banco Mundial, no qual avalia as mudanças nas regulamentações de pequenas e médias empresas, em 2014, colocou a Austrália na 11a posição, ao passo que o Brasil está na posição 116. A Austrália tem nas pequenas e micro empresas a força motriz de sua economia que geram 30% da produção econômica daquele país e respondem por 58% do crescimento do número de empregos nos últimos cinco anos. Atualmente são mais de 1,2 milhão de PMEs na Austrália que empregam 3,3 milhões de pessoas.
O foco na competitividade e no desenvolvimento do setor de serviços são baseados em uma política de estado adotada pelo governo australiano focando no neoliberalismo como viés econômico, com um forte estimulo do Estado no que compete à criação de empresas. O país ainda possui baixo nível de corrupção e uma administração eficaz e eficiente dos recursos do Estado. Segundo o pesquisador do Centro Argentino de Estudos Internacionais, Pablo Kornblum, a presença chinesa também exerceu influência nas políticas australianas. “As elevadas taxas de crescimento chinesas, a sua necessidade de recursos naturais e uma importante quantidade de serviços financeiros, tecnológicos e humanos que a Austrália está provendo é um fator econômico chave para o gigante da Oceania”, avalia.  Outra questão diz respeito ao problema ambiental que, segundo Kornblum deve ser estudado com cautela por parte daquele país.
A questão educacional é vista como estratégica pelos australianos. O analfabetismo é praticamente nulo, a taxa de educação universitária supera os 30%, valor considerado alto, e está situado entre os 10 melhores países em índices de desenvolvimento humano. O país, mesmo usando da premissa neoliberal, adota um estado de bem-estar social adequado às suas necessidades, o que implica que – apesar de fugir do modelo tradicional europeu – ele consegue proporcionar para as camadas mais frágeis da população a chamada “justiça social”, ofertando educação, acesso ao emprego e auxílio financeiro por parte do Estado aos considerados como mais vulneráveis da sociedade.
Pablo Kornblum acredita que um dos grandes exemplos que o país da Oceania pode dar ao mundo é a forma como trata a corrupção e burocracia estatal. “É preciso gerar um cenário com adoção de políticas claras que gerem segurança aos investidores com forte regulação das variáveis chaves da economia”.

(*)Texto originalmente publicado no site Gente & Mercado em 28 de novembro de 2015

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