Os desafios para uma integração regional

por Alessandra Nascimento (*)

A falta de uma maior integração regional está sobre os principais problemas da América do Sul. Vamos abordar este tema na coluna Logística Portuária dessa semana. Integrar para competir num mundo cada dia mais globalizado é uma ferramenta eficaz para assegurar o desenvolvimento econômico. Neste contexto é possível perceber tentativas tais como os projetos de integração regional com o Chile – ligação entre o estado do Mato Grosso do Sul até o oceano Pacífico – passando pela Bolívia destinando-se até o porto do Chile.  Ao todo seriam 2,7 mil quilômetros e impactariam reduzindo em 30% os custos da soja e diminuindo em sete dias a viagem até a China. É interessante recordar que outras duas alternativas também seriam alvo de estudos em substituição ao percurso em solo boliviano: uma via Paraguai e a terceira passaria pelo território argentino, ambas com destino final também no Chile
Entretanto, de acordo com o Departamento Técnico do Sistema Federação da Agricultura e Pecuária de MS, Famasul, Lucas Galvan, tais projetos ainda não se concretizaram. “Os produtores rurais de Mato Grosso do Sul ainda não são beneficiados por essas vias porque elas ainda estão no projeto, não havendo nenhuma ação concreta para que possa tornar viável estas rotas. Todas as três vias já existem, porém, a única que é possível de ser trafegada hoje é a que passa pela Bolívia, as demais dependem de investimento em pavimentação asfáltica em trechos do Paraguai e da Bolívia. Mas a maior dificuldade é em relação à Cordilheira, pois com a altitude os caminhões perdem potência e existe pontos bastante perigosos com curvas acentuadas e falta manutenção”, ressalta.
Outros projetos que ainda estão em vias de conclusão são as Ferrovias Oeste Leste e Norte Sul, que auxiliariam no escoamento da produção de grãos e minérios do Brasil. O transporte de cargas é algo tão importante que a necessidade de se minimizar custos passa a ser alvo de estudos e inclui a adoção de uma política governamental que seja eficaz. Basta lembrar que as micro e pequenas empresas brasileiras, buscando a sua internacionalização, são aquelas que mais sentem com as carências da logística, o que também pesa na sua opção ou desistência de comercializar com terceiros mercados. Segundo estudos do Cepal, os países sul americanos, geralmente, aplicam 2% do PIB em infraestrutura logística, quando os aportes financeiros deveriam estar centrados entre 5% a 8% do PIB. Um exemplo de integração regional vem da China: a chamada “nova rota da seda”. Trata-se de uma estrada de ferro cujo trajeto, de mais de 13 mil quilômetros, saindo da cidade de Yiwu, na China, até Madri, na Espanha, fazendo o percurso da antiga rota da seda. O trem passa pelo Cazaquistão, Rússia, Bielorrússia, Polônia, Alemanha, França, até Espanha e tem uma logística complexa, conectando Ásia e Europa.
Melhorar a infraestrutura é garantir que a produção possa seguir via portos, aeroportos, estradas e ferrovias em bom estado de conservação a preços mais competitivos ajudando a fortalecer a presença da produção do país de origem, gerando divisas. Integrar é uma palavra essencial no mundo globalizado.

(*) Artigo originalmente publicado no site Gente & Mercado de 12 de maio de 2015

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