Comércio Exterior: os desafios da América Latina
Pensar
na integração regional é lutar pelo livre comércio, reduzindo ou até mesmo
isentando de impostos ou de tarifas alfandegárias e, principalmente, tendo como
objetivo crescimento econômico para os países membros a partir de um maior fluxo
de capitais e serviços, além da união de povos. Essa é uma premissa básica a
qualquer bloco econômico que deseje se manter operante. No mundo atual não se
pode apertar as mãos de um parceiro e quando ele vira as costas mudar o
discurso.
Pois bem, esse é o dilema atual do
Mercosul, cuja falta de sintonia entre os parceiros tende a se acirrar ainda
mais com o dinamismo e o crescimento da Aliança do Pacífico, bloco criado
recentemente e que vem chamando a atenção na América Latina por adotar medidas
eficientes e agregar 15 países como membros observadores.
Agora vamos raciocinar cada um deles
pelo seu peso econômico: o Mercosul -
composto por Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai – reúne uma
população de 270 milhões de habitantes e um PIB de US$ 3,3 trilhões; já a
Aliança do Pacífico - com Chile, México, Peru e Colômbia - tem uma população estimada em
216,6 milhões de habitantes e respondendo
por um PIB de US$ 2,8 trilhões contabilizado em 2012.
Analisando ainda mais de perto
encontramos no Mercosul questões de ordem interna muito sérias. O mais recente
membro, a Venezuela, sofre com a escassez de divisas e os efeitos da
centralização cambial empilhando US$ 9 bilhões em importações não pagas, dos
quais US$ 1,5 bilhões são de exportadores brasileiros. Entretanto a lista de
questões negativas não se encerra por aí: as disputas internas tendo como foco
os dois países mais importantes – Brasil e Argentina – já foi parar na Organização
Mundial do Comércio. Outra crítica diz respeito a acordos multilaterais com
outros países, que simplesmente não avançam, e a proibição do Mercosul a que os
países membros realizem acordos individuais com países fora do bloco. Um exemplo
disso é o acordo com a União Europeia, iniciado em 1999; interrompido em 2004,
e reiniciado no ano passado, mas que ainda não foi concluído. De acordo o
Ministério das Relações Exteriores ele talvez seja finalizado ainda no ano que
vem.
A Aliança do Pacífico demonstra ser
um grupo econômico com pensamento mais atualizado cujas ações se mostram em
sintonia com o momento atual mundial. Recentemente o Uruguai, cujo presidente
José Mojica é defensor de uma estratégia de aproximação do Mercosul com o novo
bloco, solicitou se tornar um país observador. Não seria de se estranhar que,
em curto prazo, o novo bloco venha a superar economicamente o desempenho do
Mercosul, que vive uma fase de grandes desencontros e falta clara de uma
política em prol do desenvolvimento regional.
Por conseguinte, não dá para imaginar um
futuro promissor para o Mercosul com as decisões equivocadas que vem sendo
tomadas por parte dos governantes dos países membros. Contudo é nesse cenário
que a Aliança do Pacífico se apresenta como uma alternativa mais harmônica
gerando lições aos colegas do Mercosul.
(*) O texto acima foi publicado originalmente no site Noticia Capital em 22 de agosto de 2013.
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